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# Biologia# Fisiologia

Como os Mamíferos Geram Calor: Uma Investigação Profunda

Explore como os mamíferos se mantêm aquecidos através de mecanismos de gordura únicos.

Yelina Manandhar, Anita Pirchheim, Peter Hofer, Nemanja Vujic, Dagmar Kolb, Gerald Hoefler, Dagmar Kratky, Martina Schweiger, Ulrike Taschler, Robert Zimmermann, Rudolf Zechner, Renate Schreiber

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Geração de Calor emGeração de Calor emMamíferospra se manter aquecidos.Descubra como os mamíferos usam gordura
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Os mamíferos são criaturas de sangue quente, o que significa que conseguem manter a temperatura do corpo estável mesmo quando o ambiente externo muda. Essa habilidade incrível é chamada de homeostase térmica. Quando tá frio lá fora, nossos corpos têm maneiras inteligentes de se manter aquecidos, como reduzir o fluxo sanguíneo para a pele, fazer os pelos se arrepiaram e até tremer.

Mas aqui vai a surpresa: quando os mamíferos ficam expostos ao frio por dias ou semanas, eles encontram outra maneira de produzir calor, especialmente em tipos específicos de células de gordura. Essas células, chamadas de adipócitos marrons e beges, podem gerar calor a partir da energia armazenada sem precisar tremer. Isso é conhecido como termogênese não tremulante (NST). O grande protagonista desse processo é uma proteína especial chamada proteína desacopladora 1 (UCP1), que permite que as células transformem energia em calor em vez de armazená-la como ATP, a moeda de energia da célula.

Como Obtemos Energia para Calor?

A NST é estimulada por vários combustíveis que circulam em nossos corpos, como glicose e ácidos graxos. Esses combustíveis são como a gasolina em um carro, dando a energia que nossos corpos precisam para se manter quentes. Curiosamente, quando temos mais tecido adiposo marrom ativo, geralmente vemos melhorias em como nossos corpos gerenciam açúcares e gorduras. Isso pode até levar a uma saúde cardíaca melhor!

O Mistério da UCP1

A proteína UCP1 existe desde a década de 1980, mas nosso conhecimento sobre sua estrutura é relativamente recente. No entanto, a história completa de como a UCP1 funciona ainda é um mistério. Sabemos que ácidos graxos de cadeia longa ativam a UCP1, e esses ácidos graxos geralmente vêm da quebra das gorduras armazenadas em nossos corpos. Duas enzimas importantes, chamadas ATGL e HSL, são responsáveis por essa quebra de gordura.

Quando tá frio lá fora, nossos nervos enviam sinais que desencadeiam a liberação de hormônios especiais. Esses hormônios ativam receptores nas células de gordura marrom, que então iniciam uma série de eventos que aumentam a produção de energia e a geração de calor. Surpreendentemente, algumas pesquisas mostraram que mesmo sem a atividade da ATGL, os animais ainda conseguem manter a temperatura do corpo e produzir calor através da NST.

Investigando o Papel das Lipases na Gordura Marrom

Para entender melhor como esses processos funcionam, os cientistas criaram um modelo de camundongo especial que não tem nem ATGL nem HSL na gordura marrom. Eles queriam ver se esses camundongos ainda poderiam produzir calor quando expostos a temperaturas frias. Para surpresa deles, esses camundongos "BAT-iDAKO" conseguiram se manter aquecidos, levantando perguntas sobre o que realmente estava alimentando a UCP1.

Apesar de os camundongos parecerem se sair bem, os estudos revelaram que a falta de ATGL e HSL reduziu a capacidade geral da gordura marrom de gerar calor quando exposta ao frio. Mesmo com o aumento do número de células de gordura marrom, a quantidade de mitocôndrias nessas células, que são cruciais para a produção de energia, era baixa.

Outra reviravolta nessa história envolveu o tecido adiposo branco localizado perto da gordura marrom. Aconteceu que o tecido adiposo branco conseguiu compensar, produzindo mais calor, compensando a gordura marrom disfuncional. Porém, quando ambas as lipases estavam ausentes de todos os tecidos adiposos, os camundongos não conseguiram se manter aquecidos.

Mudanças na Temperatura Corporal Durante a Exposição ao Frio

Quando os pesquisadores mediram a temperatura corporal dos camundongos BAT-iDAKO durante a exposição ao frio, encontraram algo interessante. Os camundongos mantiveram uma temperatura corporal central ligeiramente mais alta em comparação com seus colegas normais, sugerindo que estavam se saindo bem, apesar da falta de enzimas chave na gordura marrom.

No entanto, o estudo não parou apenas na temperatura corporal. Ele também analisou as taxas de consumo de energia desses camundongos em condições frias. Tanto os camundongos BAT-iDAKO quanto os de controle mostraram um consumo de energia semelhante quando receberam um medicamento especial para estimular o uso de energia. Isso indicou que a termogênese não tremulante estava funcionando bem na ausência de quebra de gordura na gordura marrom.

O Impacto da Ingestão de Alimentos no Metabolismo Energético

Os camundongos BAT-iDAKO mostraram algumas mudanças em seu metabolismo geral. Eles tinham uma taxa maior de uso de carboidratos durante o dia, sugerindo que estavam confiando mais em açúcares para obter energia em vez de gorduras. Isso veio acompanhado de um aumento na ingestão de alimentos durante o dia, mas os hábitos alimentares noturnos permaneceram os mesmos de antes. Curiosamente, os níveis de atividade física deles não mudaram, mostrando que eles não estavam apenas sentados comendo o dia todo.

Em um nível celular, os pesquisadores perceberam que a gordura marrom dos camundongos BAT-iDAKO continha uma mistura de células, incluindo inflamação e fibrose, o que significa que estava rolando uma espécie de cicatrização. Isso era diferente da gordura marrom com aparência normal.

O Papel do Tecido Adiposo Branco Inguinal

Com a gordura marrom não fazendo seu trabalho de forma eficaz, os pesquisadores voltaram sua atenção para o tecido adiposo branco inguinal (ingWAT). Para sua surpresa, o ingWAT nos camundongos BAT-iDAKO havia se transformado bastante. A gordura branca começou a produzir UCP1, a própria proteína que eles estavam estudando. Esse "bronzeado" da gordura branca permitiu que ela ajudasse a manter a temperatura corporal quando a gordura marrom era menos eficaz.

O ingWAT dos camundongos BAT-iDAKO mostrou um aumento na função mitocondrial e na captação de substrato energético, o que significa que essa gordura estava assumindo algumas das funções termogênicas durante a exposição ao frio.

Consequências de Perder Tanto ATGL Quanto HSL

Em outro experimento, os pesquisadores criaram um modelo onde tanto ATGL quanto HSL foram eliminados de todos os tecidos adiposos. Os resultados foram bem diferentes. Esses camundongos, chamados de camundongos DAKO, não conseguiram sustentar a termogênese não tremulante, levando a uma regulação de temperatura prejudicada no frio.

Ao contrário dos camundongos BAT-iDAKO, os camundongos DAKO mostraram uma redução dramática em sua capacidade de gerar calor, levando a uma queda significativa na temperatura corporal central durante a adaptação ao frio. Apesar disso, eles também conseguiram manter a temperatura corporal através de outras adaptações sistêmicas.

Entendendo o Contexto Maior

Esses experimentos revelaram que, embora o tecido adiposo marrom (BAT) desempenhe um papel crucial na regulação da temperatura e no metabolismo energético, outros tecidos adiposos, como o tecido adiposo branco, podem assumir quando necessário. Essa flexibilidade destaca um sistema de backup fascinante em nossos corpos.

Embora possa parecer uma série complicada de eventos, quando se trata de se manter aquecido, nossos corpos têm alguns truques na manga. Seja através da gordura marrom nos aquecendo com energia armazenada ou da gordura branca entrando em ação para salvar o dia, a ciência por trás do nosso calor é tanto impressionante quanto engraçada quando você pensa sobre isso-como ter um gerador de reserva para quando sua fonte de energia principal decide tirar um dia frio de folga!

Pensamentos Finais sobre Gordura e Termogênese

Em conclusão, a gordura marrom e a gordura branca são como uma dupla trabalhando junta para nos manter aquecidos. Enquanto a gordura marrom é a estrela do show com suas habilidades de geração de calor, a gordura branca pode entrar em cena quando necessário. Os estudos com os camundongos BAT-iDAKO e DAKO mostram o quão adaptáveis nossos corpos podem ser, especialmente quando se trata de regulação da temperatura.

Na próxima vez que você sentir um friozinho no ar, pense nas incríveis mecânicas que estão em ação dentro do seu corpo. Afinal, não é só você que tem que se agasalhar no frio; seu corpo está fazendo sua própria versão de “se vestir para o sucesso” com gordura!

Fonte original

Título: Non-shivering thermogenesis is intact upon brown-adipocyte specific loss of ATGL and HSL due to white adipose tissue browning

Resumo: Intracellular fatty acids (FAs) activate and fuel non-shivering thermogenesis (NST) mediated via uncoupling protein 1 (UCP1). Adipose triglyceride lipase (ATGL) and hormone-sensitive lipase (HSL) are the two main triacylglycerol lipases in adipocytes that control FA availability. We showed previously that a brown adipocyte-specific loss of ATGL does not affect cold-induced thermogenesis in brown adipose tissue (BAT) and NST, raising the question whether HSL-mediated FA release is sufficient to allow NST. Here, we show that a brown adipocyte-specific loss of both ATGL and HSL in mice leads to impaired BAT thermogenic capacity in cold, but still allows normal NST. The BAT defect is attributed to an impaired abundance of mitochondria as well as reduced oxidative capacity despite increased adipocyte numbers in BAT. Notably, the reduced thermogenesis in BAT of BAT-iDAKO mice leads to a concomitant upregulation of UCP1 expression (browning) in white adipose tissue (WAT) indicating that thermogenesis partially shifts from BAT towards WAT. In accordance with this assumption, genetic loss of ATGL and HSL in both BAT and WAT leads to dysfunctional BAT thermogenesis and defective browning in WAT resulting in blunted NST. Our study highlights the metabolic adaptability of adipose tissue and the critical role of intracellular lipolysis in the regulation of thermogenesis.

Autores: Yelina Manandhar, Anita Pirchheim, Peter Hofer, Nemanja Vujic, Dagmar Kolb, Gerald Hoefler, Dagmar Kratky, Martina Schweiger, Ulrike Taschler, Robert Zimmermann, Rudolf Zechner, Renate Schreiber

Última atualização: Dec 5, 2024

Idioma: English

Fonte URL: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.12.04.626093

Fonte PDF: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.12.04.626093.full.pdf

Licença: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/

Alterações: Este resumo foi elaborado com a assistência da AI e pode conter imprecisões. Para obter informações exactas, consulte os documentos originais ligados aqui.

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