Uma Nova Abordagem para Estudar o Cérebro Humano
Pesquisadores estão usando tecido humano pra estudar doenças cerebrais de forma mais eficaz.
JP McGinnis, Joshua Ortiz-Guzman, Sai Mallannagari, Maria Camila Guevara, Benjamin D. W. Belfort, Suyang Bao, Snigdha Srivastava, Maria Morkas, Emily Ji, Kalman A. Katlowitz, Angela Addison, Evelyne K. Tantry, Melissa M. Blessing, Carrie A. Mohila, Nisha Gadgil, Samuel G. McClugage III, David F. Bauer, William E. Whitehead, Guillermo Aldave, Omar Tanweer, Naser Jaleel, Ali Jalali, Akash J. Patel, Sameer A. Sheth, Howard L. Weiner, Shankar Gopinath, Ganesh Rao, Akdes Serin Harmanci, Daniel Curry, Benjamin R. Arenkiel
― 7 min ler
Índice
Quando se trata de estudar o cérebro humano, os pesquisadores costumam encontrar dificuldades. Na maior parte das vezes, eles têm que confiar em modelos animais para aprender sobre doenças cerebrais, mas esses estudos nem sempre se aplicam bem aos humanos. É como tentar aprender a andar de bicicleta só assistindo um hamster na roda: pode ser fofo, mas não é exatamente a mesma experiência. Por isso, tá rolando uma pressão crescente pra usar modelos baseados em humanos pra entender melhor como o cérebro funciona, especialmente em doenças neurológicas difíceis.
Uma novidade empolgante nesse campo é o uso de Organoides Cerebrais. Pense neles como cérebros em miniatura criados em laboratório. Eles dão aos cientistas a chance de estudar células cerebrais humanas em um ambiente mais relevante. Infelizmente, as versões atuais desses organoides às vezes parecem mais com o cérebro de um embrião do que com o cérebro de um humano adulto. Isso pode dificultar a aplicação do que aprendem nas condições reais dos humanos.
Aí entra o modelo de fatias organotípicas do cérebro humano. Esse modelo permite que os pesquisadores mantenham pedaços reais de tecido cerebral humano vivos fora do corpo (em um laboratório, não em um lugar esquisito de cientista maluco). Assim, eles podem estudar como esses tecidos reagem a diferentes tratamentos ou intervenções ao longo do tempo. O ideal é que essas fatias mantenham suas características originais, dando aos pesquisadores uma imagem mais precisa de como se comportariam em uma pessoa viva.
Por que tecido humano?
Usar tecido cerebral humano é uma mudança de jogo. Ao estudá-lo diretamente, os pesquisadores podem entender melhor como diferentes tipos de células no cérebro trabalham juntas. Isso é crucial para doenças como tumores, epilepsia e outros distúrbios neurológicos. O objetivo final é melhorar tratamentos e tornar os ensaios clínicos mais preditivos e relevantes.
Mas, embora usar tecido humano traga muitas vantagens, também vem com desafios. Nem todos os pacientes que passam por cirurgia podem fornecer amostras de tecido, e os tipos de doenças estudadas são limitados àquelas que requerem intervenção cirúrgica. Ainda assim, o potencial para novas descobertas vale o esforço.
O processo de estudo
Em um estudo recente, os pesquisadores coletaram amostras de tecido cerebral de pacientes submetidos a cirurgia. O processo foi bem simples: obter consentimento do paciente (ou dos cuidadores), e depois coletar qualquer tecido cerebral que não fosse necessário para o diagnóstico. As amostras foram rapidamente resfriadas e levadas ao laboratório para processamento.
Uma vez no laboratório, o tecido cerebral foi cuidadosamente cortado em fatias e colocado em meios de cultura específicos. Essas fatias foram tratadas como convidados VIP, recebendo cuidados diários e manutenção pra mantê-las vivas e saudáveis.
Depois de duas semanas de cultura, os pesquisadores estavam prontos pra analisar as amostras usando sequenciamento de RNA de núcleo único. Esse método permitiu que eles examinassem os níveis de expressão gênica para vários tipos de células dentro do tecido. O objetivo era ver como esses tipos de células mantinham suas características únicas ao longo do tempo. Se se comportassem de forma semelhante a como fariam em um cérebro vivo, isso indicaria que o modelo era realmente eficaz.
Um olhar sob a superfície
Então, o que exatamente os pesquisadores descobriram durante a análise? Eles olharam para diferentes tipos de células, como Neurônios, Astrócitos (células de suporte) e células tumorais, pra ver como seus Perfis de Expressão Gênica mudaram do dia zero (logo após a cirurgia) até o dia quatorze (depois de duas semanas em cultura).
Resultados e descobertas
Os resultados foram promissores. A maioria dos tipos de células mostrou correlações relativamente altas entre suas expressões no dia zero e no dia quatorze. Isso significa que as células mantiveram suas identidades ao longo das duas semanas, tornando o modelo de fatia organotípica um bom candidato para estudar doenças cerebrais.
-
Astrócitos: Essas células de suporte mostraram resultados variados. Em algumas amostras, mantiveram bem sua identidade, mas em outras, nem tanto.
-
Células Endoteliais: Essas células, que fazem parte dos vasos sanguíneos, fizeram um excelente trabalho preservando suas características ao longo do tempo.
-
Neurônios: Os resultados foram mistos. Enquanto alguns tipos de neurônios mantiveram seus perfis adequadamente, outros mostraram um declínio notável.
-
Células Tumorais: Surpreendentemente, as células tumorais de amostras de glioblastoma e meduloblastoma mantiveram seus perfis de expressão gênica excepcionalmente bem. Isso sugere que o sistema de modelagem tem um futuro promissor pra entender como esses cânceres agressivos se comportam.
Ao comparar os dados do dia zero e do dia quatorze, os pesquisadores conseguiram ver o que havia mudado e o que permaneceu o mesmo. É como olhar uma foto de antes e depois, exceto que em vez de um novo corte de cabelo, é sobre como bem as células cerebrais mantiveram suas características únicas ao longo do tempo.
Criando uma linha de base
Um dos principais resultados dessa pesquisa foi estabelecer uma linha de base de como as células cerebrais se comportam fora do corpo. Isso é crucial para estudos futuros. Se os pesquisadores conseguirem entender por quanto tempo diferentes tipos de células podem reter suas identidades, podem começar a ajustar as condições de cultura pra melhorar a preservação. Quanto mais fiéis os modelos forem à biologia humana real, mais úteis eles serão para testar novas terapias.
A importância da colaboração
O acesso ao tecido cerebral humano ainda é um desafio. Muitos laboratórios podem não ter a capacidade de obter essas amostras regularmente. Por isso, a colaboração é crucial. Trabalhando juntos, os pesquisadores podem juntar seus recursos e conhecimentos pra aproveitar esse modelo valioso. Neurocirurgiões, em particular, estão em uma posição única pra liderar esses estudos já que muitas vezes são eles que fazem as cirurgias.
Direções futuras
À medida que os pesquisadores continuam a investigar esse modelo, há muitas avenidas a serem exploradas. Por exemplo, eles poderiam observar como diferentes tipos de doenças cerebrais afetam a preservação celular. Esse modelo poderia ajudar os pesquisadores a entender como gliomas de baixo grau ou outros tipos específicos de tumores se comportam? Ou como poderia se aplicar a malformações vasculares ou epilepsia? Essas perguntas estão apenas começando.
Melhorando as condições de cultura
Os cientistas estão otimistas de que aumentar a qualidade das condições de cultura levará a resultados ainda melhores. Alguns pesquisadores estão focando em usar líquido cefalorraquidiano (LCR) humano como meio pra manter os tecidos vivos por mais tempo. Incorporando um ambiente mais natural, eles esperam melhorar as taxas de sobrevivência celular e manter uma fidelidade ainda maior.
Conclusão
O modelo de cultura de fatias organotípicas do cérebro humano representa um grande avanço na pesquisa cerebral. Usando tecido humano real, os pesquisadores podem estudar as complexidades do cérebro humano de maneiras que modelos animais tradicionais simplesmente não conseguem alcançar.
Os dados são claros: o tecido cerebral pode manter seus perfis de expressão gênica ex vivo, o que pode significar resultados mais confiáveis para ensaios clínicos e melhores terapias para os pacientes. O futuro parece promissor para essa área de pesquisa, e quem sabe? Talvez um dia, consigamos desenvolver não só tratamentos, mas soluções reais para os maiores desafios do cérebro.
Então, enquanto modelos animais têm seu valor, é hora de abraçar essa abordagem centrada no humano. Afinal, quem melhor pra estudar o cérebro humano do que... bem, humanos?
Fonte original
Título: Cell type transcriptional identities are maintained in cultured ex vivo human brain tissue
Resumo: It is becoming more broadly accepted that human-based models are needed to better understand the complexities of the human nervous system and its diseases. The recently developed human brain organotypic culture model is one highly promising model that requires the involvement of neurosurgeons and neurosurgical patients. Studies have investigated the electrophysiological properties of neurons in such ex vivo human tissues, but the maintenance of other cell types within explanted brain remains largely unknown. Here, using single-nucleus RNA sequencing, we systematically evaluate the transcriptional identities of the various cell types found in six patient samples after fourteen days in culture (83,501 nuclei from day 0 samples and 45,738 nuclei from day 14 samples). We used two pediatric temporal lobectomy samples, an adult frontal cortex sample, two IDH wild-type glioblastoma samples, and one medulloblastoma sample. We found remarkably high correlations of day 14 transcriptional identities to day 0 tissue, especially in tumor cells (r = 0.90 to 0.93), though microglia (r = 0.86), oligodendrocytes (r = 0.80), pericytes (r = 0.77), endothelial cells (r = 0.78), and fibroblasts (r = 0.76) showed strong preservation of their transcriptional profiles as well. Astrocytes and excitatory neurons showed more moderate preservation (r = 0.66 and 0.47, respectively). Because the main difficulty with organotypic brain cultures is the acquisition of human tissue, which is readily available to neurosurgeons, this model is easily accessible to neurosurgeon-scientists and neurosurgeons affiliated with research laboratories. Broad uptake of this more representative model should prompt advances in our understanding of many uniquely human diseases, lead to more reliable clinical trial performance, and ultimately yield better therapies for our patients.
Autores: JP McGinnis, Joshua Ortiz-Guzman, Sai Mallannagari, Maria Camila Guevara, Benjamin D. W. Belfort, Suyang Bao, Snigdha Srivastava, Maria Morkas, Emily Ji, Kalman A. Katlowitz, Angela Addison, Evelyne K. Tantry, Melissa M. Blessing, Carrie A. Mohila, Nisha Gadgil, Samuel G. McClugage III, David F. Bauer, William E. Whitehead, Guillermo Aldave, Omar Tanweer, Naser Jaleel, Ali Jalali, Akash J. Patel, Sameer A. Sheth, Howard L. Weiner, Shankar Gopinath, Ganesh Rao, Akdes Serin Harmanci, Daniel Curry, Benjamin R. Arenkiel
Última atualização: 2024-12-20 00:00:00
Idioma: English
Fonte URL: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.12.19.629223
Fonte PDF: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.12.19.629223.full.pdf
Licença: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/
Alterações: Este resumo foi elaborado com a assistência da AI e pode conter imprecisões. Para obter informações exactas, consulte os documentos originais ligados aqui.
Obrigado ao biorxiv pela utilização da sua interoperabilidade de acesso aberto.