Voluntários de Saúde Comunitária: A Chave para uma Saúde Melhor
Os voluntários de saúde comunitária ajudam a fechar as lacunas no acesso e na entrega de cuidados de saúde.
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Índice
Trabalhadores de saúde comunitária (THCs) têm um papel essencial no sistema de saúde, especialmente em países com renda baixa e média. Eles ajudam a conectar as pessoas da comunidade com serviços de saúde formal. Os nomes usados para esses trabalhadores variam; por exemplo, na Índia, eles são chamados de Apoiadores de Saúde Social Credenciados, enquanto no Quênia são chamados de voluntários de saúde comunitária (VHCs).
Papel dos Voluntários de Saúde Comunitária
VHCs estão envolvidos em vários serviços de saúde, como saúde materna e neonatal, apoio à saúde mental e Educação em Saúde sobre higiene, amamentação e planejamento familiar. Eles também ajudam na imunização infantil e respondem a surtos de saúde, como a crise do Ebola e a pandemia de COVID-19. A participação deles pode levar a melhores resultados de saúde, especialmente em áreas com recursos limitados.
Pesquisas mostram que a eficácia dos programas de VHC depende de três fatores principais: como o programa é desenhado, o sistema de saúde em vigor e o contexto específico em que eles operam. O design do programa inclui aspectos como recrutamento, Treinamento, apoio e remuneração dos VHCs. O fator do sistema de saúde cobre políticas e práticas que afetam a entrega de serviços de saúde. Por fim, o contexto mais amplo envolve o ambiente da comunidade, a economia e as políticas de saúde.
Avaliando o Desempenho dos VHCs
O desempenho dos VHCs pode ser avaliado em dois níveis: individual e comunitário. A avaliação em nível individual olha para mudanças nos próprios VHCs, como autoestima, motivação e conhecimento. O nível comunitário foca em como os VHCs influenciam resultados como confiança nos serviços de saúde e aumento do acesso à saúde.
Importância do Contexto
O ambiente em que os VHCs trabalham afeta bastante seu desempenho. Pesquisas indicam que fatores adicionais, como problemas de segurança e demandas financeiras das famílias, podem atrapalhar o trabalho deles em assentamentos informais urbanos (AIs). No Quênia, uma grande parte da população urbana vive nesses assentamentos, enfrentando altas cargas de doenças e acesso limitado aos serviços de saúde.
Para enfrentar esses desafios, o governo queniano introduziu a Estratégia de Saúde Comunitária (ESC) em 2006, que depende principalmente dos VHCs para fornecer vários serviços e conectar comunidades a instalações de saúde.
Locais do Estudo: Kibera e Mathare
Esse estudo foi realizado em dois grandes assentamentos informais em Nairóbi: Kibera e Mathare. Kibera é um dos maiores assentamentos informais da África Oriental, consistindo em vários "vilarejos". Mathare é o segundo maior assentamento informal em Nairóbi. Ambas as áreas são caracterizadas por alta pobreza e acesso limitado aos serviços de saúde.
Métodos de Coleta de Dados
Os dados foram coletados por meio de entrevistas com informantes-chave e discussões em grupo. As entrevistas incluíram líderes comunitários e assistentes de saúde, enquanto as discussões envolveram VHCs e representantes da comunidade. Todas as discussões foram gravadas, transcritas e analisadas para insights.
Participantes do Estudo
Um total de 126 participantes participaram do estudo, incluindo oficiais de saúde, assistentes de saúde, VHCs e representantes da comunidade. Os participantes tinham uma ampla faixa etária e seus níveis educacionais variavam de primário a superior. As experiências deles na função de VHC variavam de um ano a mais de duas décadas.
Fatores que Influenciam o Desempenho dos VHCs
O estudo identificou vários fatores da ESC que influenciam o desempenho dos VHCs, incluindo recrutamento, treinamento, apoio, recursos e remuneração.
Processos de Recrutamento
Os VHCs geralmente são recrutados por meio de comitês comunitários, onde indivíduos interessados se inscrevem e são avaliados em reuniões comunitárias. Os requisitos para se tornar um VHC incluem ter pelo menos 18 anos, ser um bom exemplo e ter habilidades básicas de leitura e escrita. No entanto, a natureza voluntária do papel levou muitos candidatos em potencial a desistirem assim que encontraram um trabalho remunerado.
Oportunidades de Treinamento
Os VHCs devem receber tanto treinamento básico quanto técnico. O treinamento básico cobre papéis e responsabilidades dos VHCs, enquanto o treinamento técnico envolve habilidades especializadas. Muitos VHCs relataram receber apenas treinamento básico, pois o treinamento técnico frequentemente dependia da disponibilidade de recursos de organizações parceiras.
Apoio e Supervisão
No Quênia, os VHCs são supervisionados por Assistentes de Saúde Comunitária (ASCs). Os desafios para oferecer apoio incluem problemas de transporte, falta de pessoal e treinamento inadequado para os ASCs, o que impacta a capacidade deles de supervisionar efetivamente. Além disso, a natureza voluntária do papel de VHC dificulta a responsabilização deles por suas responsabilidades.
Disponibilidade de Recursos
Todos os participantes notaram frequentes faltas de recursos essenciais, afetando a capacidade dos VHCs de desempenharem suas funções. Algumas áreas receberam recursos adequados devido a projetos em andamento, enquanto outras ficaram sem suprimentos necessários. Itens importantes que frequentemente faltavam incluíam materiais de relato, documentos de identidade e equipamentos de proteção individual, especialmente durante a pandemia de COVID-19.
Compensação e Incentivos
A natureza voluntária do papel dos VHCs muitas vezes resulta em participação inconsistente, já que muitos precisam buscar outros trabalhos remunerados. Os VHCs podem contar com auxílios de organizações não governamentais para apoio financeiro, mas podem enfrentar atrasos nos pagamentos, levando à frustração. Reconhecer e valorizar os VHCs em suas comunidades foi considerado um fator motivacional significativo, mesmo na ausência de compensação monetária.
Desafios do Sistema de Saúde
As ineficiências do sistema de saúde também contribuíram para os desafios enfrentados pelos VHCs. A falta de coordenação entre trabalhadores de saúde e membros da comunidade levou a uma diminuição da confiança nos VHCs. Muitos membros da comunidade relataram interações negativas com trabalhadores de saúde em instalações locais, levando-os a buscar serviços em outros lugares, como clínicas particulares.
Essa perda de confiança prejudica os VHCs, já que eles são esperados para facilitar encaminhamentos para as instalações de saúde públicas. Problemas como a indisponibilidade de serviços essenciais e corrupção percebida pelos trabalhadores de saúde minam ainda mais a confiança da comunidade nos VHCs.
Fatores Contextuais Mais Amplos
Vários fatores contextuais dentro da comunidade também impactaram o desempenho dos VHCs. A demanda por apoio material de membros da família colocou pressão extra nos VHCs, que muitas vezes eram esperados para fornecer assistência financeira, apesar de seu papel voluntário.
Além disso, a percepção da comunidade em relação aos VHCs como trabalhadores do governo levou a expectativas irreais sobre os recursos que eles podem oferecer. Instâncias de corrupção percebida em programas comunitários também afetaram negativamente a credibilidade dos VHCs.
A insegurança em assentamentos informais urbanos apresentou desafios significativos para os VHCs, especialmente para as voluntárias mulheres, que eram mais suscetíveis a violência e assédio enquanto trabalhavam.
Recomendações para Melhoria
Para apoiar melhor os VHCs e melhorar seu desempenho, várias recomendações podem ser feitas:
Compensação Financeira: Mover para um modelo que ofereça incentivos financeiros e não financeiros aos VHCs. Isso poderia incluir auxílios ou financiamento baseado no desempenho para reconhecer suas contribuições.
Treinamento Abrangente: Garantir treinamento consistente e completo para VHCs e ASCs para preencher lacunas de conhecimento e aumentar a eficácia deles.
Apoio e Supervisão Aprimorados: Fortalecer o quadro de supervisão para permitir suporte adequado dos ASCs para os VHCs. Isso pode incluir fornecer recursos de transporte e comunicação.
Alocação de Recursos: Melhorar a distribuição de suprimentos e recursos essenciais para garantir que todos os VHCs possam realizar suas funções de forma eficaz.
Melhorar Sistemas de Saúde: Abordar problemas nas instalações de saúde locais, como treinamento de pessoal, disponibilidade de serviço e corrupção, para restaurar a confiança da comunidade nos VHCs.
Engajamento Comunitário: Promover a compreensão dentro das comunidades sobre o papel dos VHCs, esclarecendo suas funções e mitigando expectativas irreais.
Medidas de Segurança: Implementar medidas de segurança para proteger os VHCs, especialmente as mulheres, durante seu trabalho em áreas de alto risco.
Conclusão
Os voluntários de saúde comunitária são vitais para conectar os serviços de saúde com as comunidades, especialmente em assentamentos informais urbanos como Kibera e Mathare. Embora enfrentem vários desafios, incluindo recursos inadequados, interações ruins com o sistema de saúde e preocupações com a segurança, há oportunidades para melhorar seu trabalho através de apoio melhor, treinamento abrangente e incentivos financeiros. Garantir o bem-estar dos VHCs é crucial para melhorar os resultados de saúde nessas comunidades carentes.
Título: "We are their eyes and ears here on the ground, yet they do not appreciate us" - Factors influencing the performance of Kenyan community health volunteers working in urban informal settlements
Resumo: Community Health Volunteers (CHVs) play a crucial role in linking the community with the formal health system, particularly in low- and middle-income countries. Studies in Kenya have focused on the implementation of the Kenya Community Health Strategy (CHS) in rural, nomadic, and peri-urban areas; with limited information on the factors that influence CHV performance in urban informal settlements. This study therefore explored factors that influence CHV performance in urban informal settlements within Nairobi Kenya and ways in which CHVs can be supported to enhance their wellbeing and strengthen community strategies. The study was undertaken in two urban informal settlements within Nairobi County. Thirteen focus group discussions (total of 123 participants) and three key informant interviews were conducted with a range of respondents. Various topics covering the design of the Community Health Strategy (CHS) and broader contextual factors that affect CHVs performance, were discussed and the data analysed using a framework analysis approach. The key programme design factors identified as influencing the performance of CHVs working in urban informal setting included: CHV recruitment; training; the availability of supplies and resources; and the remuneration of CHVs. Health system factors that influenced CHVs performance included: nature of relationship between healthcare workers at local referral facilities and community members; the availability of services and perceived corruption at the referral facilities; and CHV referral outside of the local health facility. Whereas the broader contextual factors that affected CHV performance at the community level included: demand for material or financial support; perceived corruption in community programmes; and neighbourhood insecurity. These findings suggest that like other CHVs working in both the rural and peri-urban settings, CHVs working in urban informal settlements in Kenya face a myriad of challenges that impact on their wellbeing and work performance. Therefore, to enhance CHVs well-being and improve their performance, the following should be considered: adequate and timely remuneration for CHVs, appropriate holistic training, adequate supportive supervision, and ensuring a satisfactory supply of resources and supplies. Additionally, at the health facility level, healthcare workers should be trained on appropriate and respectful relations with both the community and the CHVs, clarity of roles and scope of work, ensure availability of services, and safeguard against corrupt practices in public health facilities. Lastly, there is a need for improved and adequate security measures at the community level, to ensure safety of CHVs as they undertake their roles.
Autores: Michael O Ogutu, E. Kamui, T. Abuya, K. Muraya
Última atualização: 2023-03-22 00:00:00
Idioma: English
Fonte URL: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2023.03.22.23287562
Fonte PDF: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2023.03.22.23287562.full.pdf
Licença: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/
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