Simple Science

Ciência de ponta explicada de forma simples

# Biologia# Microbiologia

Burkholderia dolosa: Se adaptando pra bombar em infecções de fibrose cística

As bactérias têm táticas de adaptação impressionantes durante infecções por fibrose cística.

― 7 min ler


Adaptação Bacteriana emAdaptação Bacteriana emInfecções de FCcística.sobreviver em pacientes com fibroseBurkholderia dolosa evolui pra
Índice

As bactérias são seres vivos minúsculos que podem viver em vários ambientes, inclusive dentro do corpo humano. Elas conseguem mudar e se adaptar pra sobreviver melhor em diferentes condições. Essa adaptação às vezes significa que o que ajuda elas a se dar bem em uma situação pode não ser útil em outra. Essas mudanças podem criar trocas, onde um benefício em uma área vem com um custo em outra.

Um tipo de bactéria, a Burkholderia dolosa, é conhecida por causar infecções que duram muito tempo, principalmente em pessoas com Fibrose Cística (FC). Essa bactéria consegue mudar suas características dependendo do ambiente que enfrenta, o que ajuda ela a sobreviver e se dar bem apesar dos diferentes desafios no corpo humano. Os pesquisadores têm estudado como essa bactéria se adapta ao longo do tempo, especialmente em pacientes que foram infectados por muito tempo.

Mudanças nas Bactérias ao Longo do Tempo

Quando as bactérias enfrentam mudanças no ambiente, elas podem desenvolver novas características pra ajudar a sobreviver. Por exemplo, podem criar ferramentas especiais que respondem ao ambiente, pegar novo material genético de outras bactérias ou passar por Mutações que mudam seu comportamento. No passado, os cientistas achavam que mutações, ou mudanças no código genético da bactéria, não eram uma maneira confiável de as bactérias ligarem e desligarem suas características. Isso porque era improvável que uma mutação aleatória trouxesse a função da bactéria de volta ao normal. No entanto, houve alguns casos em experimentos onde bactérias recuperaram funções perdidas através de mutações.

Apesar dessas descobertas, as evidências de bactérias mutando em humanos pra trocar características foram limitadas. Estudos recentes mostraram como um patógeno bacteriano pode adquirir novas mutações no mesmo caminho genético pra se adaptar a mudanças tanto dentro quanto fora do corpo humano. Ao estudar diferentes infecções de Burkholderia dolosa em pacientes com FC, os pesquisadores descobriram que essa bactéria pode ligar ou desligar certas características dependendo de quanto tempo a Infecção durou e do ambiente específico em que se encontra.

O Papel do O-antígeno na B. dolosa

Uma característica específica da Burkholderia dolosa é uma parte de sua parede celular chamada O-antígeno. Esse componente desempenha um papel crucial em ajudar as bactérias a sobreviverem contra o sistema imunológico do hospedeiro. Os pesquisadores descobriram que durante infecções de longo prazo, a presença do O-antígeno pode ser benéfica pra bactéria. No entanto, nas fases iniciais da infecção, pode ser um problema. Infecções iniciais podem levar a mutações que reduzem ou eliminam o O-antígeno, permitindo que as bactérias se desenvolvam melhor nessa fase.

Em um grande surto nos anos 90 envolvendo a B. dolosa, os pesquisadores estudaram como as bactérias evoluíram ao longo do tempo. Eles notaram que uma cepa específica começou com uma mutação que causou a perda da expressão de O-antígeno. Com o tempo, essa cepa passou por múltiplas mutações que restauraram sua capacidade de expressar O-antígeno. À medida que as infecções continuavam, cada vez mais cepas começaram a expressar O-antígeno, destacando sua importância nas fases posteriores da infecção.

Transmissão Entre Pacientes

Em um caso recente, pesquisadores se concentraram em um novo grupo de pacientes que tinham infecções por B. dolosa anos após o surto original. Esse grupo era composto por três adultos conectados a um paciente conhecido do surto passado. Os pesquisadores coletaram amostras desses pacientes ao longo do tempo pra acompanhar como as bactérias evoluíram em seus corpos.

Analisando seus genomas, os pesquisadores confirmaram que os novos pacientes tinham cepas de B. dolosa que estavam relacionadas ao surto original. Isso indicou que provavelmente houve transmissão da bactéria entre os pacientes. No entanto, os pesquisadores notaram que havia muitos cenários possíveis sobre como as bactérias se espalharam entre os pacientes. A proximidade de moradia dos dois novos pacientes pode ter facilitado a transferência de múltiplas cepas bacterianas entre eles.

Evolução do O-antígeno em Infecções Iniciais

Pra investigar mais a fundo o papel do O-antígeno durante as infecções iniciais, os pesquisadores estudaram as bactérias encontradas nesses novos pacientes. Eles observaram que logo após serem infectados, muitas das cepas bacterianas começaram a desenvolver mutações que reduziam ou eliminavam a expressão do O-antígeno. Essa rápida emergência de mutações indicou que havia uma forte vantagem para as bactérias perderem essa característica no início da infecção.

Em contraste, durante infecções mais longas, os pesquisadores descobriram que ter O-antígeno era mais benéfico. Essas descobertas sugerem que o O-antígeno pode oferecer vantagens importantes nas fases posteriores da doença, talvez devido ao seu papel em ajudar as bactérias a escapar do sistema imunológico.

Formas Diversas de O-antígeno ao Longo do Tempo

Embora houvesse vantagens claras em ter ou não O-antígeno dependendo da fase da infecção, os pesquisadores também notaram que diferentes tipos de cadeias de O-antígeno podiam existir simultaneamente nas bactérias. Eles identificaram quatro tipos distintos de fenótipos de O-antígeno nas bactérias ao longo de muitos anos de infecção crônica. Essa diversidade nas formas de O-antígeno destaca a capacidade da Burkholderia dolosa de se adaptar e prosperar sob várias condições dentro do corpo humano.

Os pesquisadores também analisaram como o O-antígeno afetava a capacidade das bactérias de se espalhar pelo corpo. Eles realizaram testes em camundongos pra comparar como as cepas positivas e negativas de O-antígeno da Burkholderia dolosa cresciam em diferentes órgãos, especialmente nos pulmões e no baço. Eles descobriram que as cepas sem O-antígeno se saíram melhor no baço, enquanto as que tinham O-antígeno se deram melhor nos pulmões. Essa descoberta sugere que há trocas dependendo do ambiente, e que o O-antígeno pode impactar como as bactérias sobrevivem em partes específicas do corpo.

Mecanismos Por Trás das Mudanças

A pesquisa sugere que a expressão de O-antígeno proporciona vantagens contra o sistema imunológico, o que ajuda as bactérias a sobreviverem em certos ambientes. No entanto, há condições, principalmente durante infecções iniciais, onde ter O-antígeno pode ser prejudicial. A complexidade dessas mudanças mostra como essa bactéria pode se adaptar aos diferentes desafios que enfrenta à medida que a infecção avança.

Entender os mecanismos por trás dessas adaptações pode revelar ainda mais como bactérias como a Burkholderia dolosa navegam pelos desafios dentro do corpo humano. Esse conhecimento também pode esclarecer estratégias de tratamento potenciais para infecções crônicas, especialmente em indivíduos com sistemas imunológicos comprometidos.

Conclusão

Em conclusão, a Burkholderia dolosa exibe uma flexibilidade notável em como se adapta a diferentes ambientes dentro do corpo humano. A capacidade de alternar características como a expressão de O-antígeno permite que a bactéria responda efetivamente aos desafios apresentados pelo sistema imunológico e às condições únicas em vários órgãos. À medida que a pesquisa avança, uma compreensão mais profunda do comportamento bacteriano pode levar a abordagens de tratamento melhores para infecções persistentes, especialmente em populações vulneráveis, como aquelas com fibrose cística.

A exploração contínua dessas dinâmicas fascinantes entre as bactérias e seus hospedeiros humanos promete melhorar os resultados de saúde e enfrentar os desafios impostos por infecções bacterianas persistentes. Entender essas interações pode desempenhar um papel crucial no desenvolvimento de terapias eficazes para combater infecções crônicas e melhorar o cuidado com os pacientes no futuro.

Fonte original

Título: De novo mutations mediate phenotypic switching in an opportunistic human lung pathogen

Resumo: Bacteria evolving within human hosts encounter selective tradeoffs that render mutations adaptive in one context and deleterious in another. Here, we report that the cystic fibrosis-associated pathogen Burkholderia dolosa overcomes in-human selective tradeoffs by acquiring successive point mutations that alternate phenotypes. We sequenced the whole genomes of 931 respiratory isolates from two recently infected patients and an epidemiologically-linked, chronically-infected patient. These isolates are contextualized using 112 historical genomes from the same outbreak strain. Within both newly infected patients, diverse parallel mutations that disrupt O-antigen expression quickly arose, comprising 29% and 63% of their B. dolosa communities by 3 years. The selection for loss of O-antigen starkly contrasts with our previous observation of parallel O-antigen-restoring mutations after many years of chronic infection in the historical outbreak. Experimental characterization revealed that O-antigen loss increases uptake in immune cells while decreasing competitiveness in the mouse lung. We propose that the balance of these pressures, and thus whether O-antigen expression is advantageous, depends on tissue localization and infection duration. These results suggest that mutation-driven alternation during infection may be more frequent than appreciated and is underestimated without dense temporal sampling.

Autores: Tami D Lieberman, A. J. Poret, M. M. Schaefers, C. Merakou, K. E. Mansour, G. K. Lagoudas, A. R. Cross, J. B. Goldberg, R. Kishony, A. Z. Uluer, A. J. McAdam, P. C. Blainey, S. O. Vargas, G. P. Priebe

Última atualização: 2024-02-06 00:00:00

Idioma: English

Fonte URL: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.02.06.579193

Fonte PDF: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.02.06.579193.full.pdf

Licença: https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0/

Alterações: Este resumo foi elaborado com a assistência da AI e pode conter imprecisões. Para obter informações exactas, consulte os documentos originais ligados aqui.

Obrigado ao biorxiv pela utilização da sua interoperabilidade de acesso aberto.

Mais de autores

Artigos semelhantes