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Sinalização Quorum: A Comunicação Oculta das Bactérias

As bactérias usam sinais químicos pra se comunicar e influenciar a formação da placa dental.

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Índice

As bactérias conseguem se comunicar entre si através de um processo chamado quorum sensing (QS). Essa comunicação depende da quantidade de bactérias presentes. Quando elas atingem uma certa densidade, liberam pequenos químicos conhecidos como Autoindutores. Esses químicos ajudam a enviar sinais para outras bactérias.

Existem três tipos principais de autoindutores:

  1. AI-1: Chamados de N-acil homoserina lactonas (AHLs).
  2. AI-2: Esse tipo inclui alguns compostos feitos a partir de 4,5-dihidroxi-2,3-pentanodiona.
  3. Peptídeos autoindutores (AIPs): Específicos para certos tipos de bactérias chamadas de Gram-positivas.

As bactérias liberam esses autoindutores no ambiente. Eles podem voltar para as bactérias, seja se espalhando livremente ou através de processos ativos. Quando os autoindutores entram nas bactérias, se ligam a receptores específicos. Essa ligação pode mudar a expressão de certos genes, afetando muitos aspectos do comportamento bacteriano. Na verdade, o QS pode influenciar uma parte significativa do DNA de uma bactéria.

Controlando a atividade dos genes, o QS afeta comportamentos como a formação de Biofilmes, se tornar mais nocivo e resistir a antibióticos. Esses comportamentos são importantes para as bactérias se adaptarem a diferentes ambientes, especialmente em condições difíceis ou com nutrientes limitados.

Placa Bacteriana e sua Composição

A placa bacteriana é um tipo de biofilme que se forma na boca. Ela é composta por vários microrganismos, incluindo os benéficos e os prejudiciais, grudados nas superfícies dos dentes. A boca geralmente tem uma variedade grande de microrganismos, como bactérias, fungos e vírus.

Tem milhares de espécies de microrganismos na boca humana. Dentre elas, cerca de 700 são bactérias agrupadas em diferentes tipos. Em bocas saudáveis, as bactérias dominantes costumam ser as Gram-positivas, como Streptococcus e Actinomyces, que são boas em quebrar açúcares.

Mas, se houver mudanças repentinas no ambiente da boca ou se as defesas do corpo enfraquecerem, isso pode causar um desequilíbrio, conhecido como Disbiose. Essa condição frequentemente leva a um aumento das bactérias nocivas, que podem causar doenças nas gengivas. Mudanças no ecossistema oral também podem levar a bactérias que produzem ácido, causando cáries.

Formação da Placa Bacteriana

A formação da placa bacteriana depende do acúmulo sequencial de diferentes grupos bacterianos. As bactérias precisam trabalhar juntas e às vezes competir para se fixar nas superfícies dos dentes. As interações delas podem depender de como se comunicam através do QS, afetando seu metabolismo e a capacidade de se aderir às superfícies.

AI-2 e AIPs desempenham papéis cruciais na formação de biofilmes orais, e muitas bactérias na placa dental podem produzir ou responder a esses sinais. As bactérias Gram-positivas, como as do grupo Streptococcus, podem usar AIPs para a comunicação. Portanto, acredita-se que o QS baseado em AI-2 e AIP seja a principal forma de as bactérias se sinalizarem na placa dental.

O papel do AI-1 na placa dental ainda é incerto. Estudos anteriores acharam AHLs difíceis de detectar nas bactérias dentais. Como poucas bactérias na placa dental parecem produzir AHLs, achava-se que esses compostos tinham pouco papel na formação de biofilmes.

No entanto, descobertas recentes desafiam essa visão. Vários AHLs foram encontrados na saliva humana, produzidos por vários tipos de bactérias ligadas a problemas dentais. Algumas cepas da bactéria oral Porphyromonas gingivalis também conseguem produzir AHLs. Isso sugere que AHLs podem ter um papel nos biofilmes orais.

Investigando AHLs na Placa Bacteriana

Para entender mais sobre AHLs na placa bacteriana, os pesquisadores usaram sensores especiais para detectar sua presença em diferentes culturas bacterianas. A pesquisa encontrou AHLs em amostras cultivadas em condições com oxigênio, mas não naquelas sem oxigênio.

Os pesquisadores trataram culturas de placa dentária com diferentes AHLs e enzimas que conseguem quebrar essas moléculas sinalizadoras. Eles observaram que usar essas enzimas alterava as comunidades bacterianas presentes. A adição de AHLs aumentou o número de bactérias frequentemente associadas a doenças periodontais, enquanto a degradação de AHLs permitiu que mais bactérias benéficas prosperassem.

Importância das Condições Ambientais

O ambiente onde as bactérias orais vivem é essencial. A presença de oxigênio pode afetar bastante os tipos de bactérias que prosperam. O estudo revelou que as populações bacterianas em condições com oxigênio diferiam bastante daquelas sem.

Em condições ricas em oxigênio, certas bactérias Gram-positivas, como Streptococcus, prosperaram, enquanto em condições com baixo oxigênio, bactérias Gram-negativas nocivas se tornaram mais prevalentes.

O estudo destacou como as bactérias se comunicam e respondem ao ambiente. Mostrou que interromper os sinais de AHL causou uma mudança em direção a uma comunidade mais saudável de bactérias na presença de oxigênio.

Efeitos da Adição de AHL

Os pesquisadores examinaram como a adição de AHLs afetou as bactérias em condições sem oxigênio. Eles descobriram que, embora a adição de AHLs não mudasse a diversidade geral da comunidade bacteriana, afetava tipos específicos de bactérias.

Por exemplo, adicionar AHLs levou a um aumento de bactérias nocivas associadas a doenças nas gengivas. Isso sugere que AHLs podem incentivar o crescimento dessas bactérias prejudiciais, mesmo em ambientes onde normalmente não prosperam.

Conclusão

A pesquisa enfatiza a importância dos sinais químicos nas comunidades bacterianas. Aponta como as bactérias se comunicam através de AHLs e as potenciais consequências para a saúde. Mudanças na comunicação podem influenciar não só os tipos de bactérias presentes, mas também seu comportamento e a saúde da boca.

Ao investigar mais sobre como as bactérias interagem, especialmente no contexto de doenças orais, podemos entender melhor como gerenciar ou alterar essas comunidades microbianas para melhores resultados de saúde. Mais estudos nessa área podem levar a novas formas de prevenir ou tratar infecções bucais, promovendo uma boca mais saudável em geral.

Fonte original

Título: N-acyl homoserine lactone signaling modulates bacterial community associated with human dental plaque

Resumo: N-acyl homoserine lactones (AHLs) are small diffusible signaling molecules that mediate a cell density-dependent bacterial communication system known as quorum sensing (QS). AHL-mediated QS regulates gene expression to control many critical bacterial behaviors including biofilm formation, pathogenicity, and antimicrobial resistance. Dental plaque is a complex multispecies oral biofilm formed by successive colonization of the tooth surface by groups of commensal, symbiotic, and pathogenic bacteria, which can contribute to tooth decay and periodontal diseases. While the existence and roles of AHL-mediated QS in oral microbiota have been debated, recent evidence indicates that AHLs play significant roles in oral biofilm development and community dysbiosis. The underlying mechanisms, however, remain poorly characterized. To better understand the importance of AHL signaling in dental plaque formation, we manipulated AHL signaling by adding AHL lactonases or exogenous AHL signaling molecules. We find that AHLs can be detected in dental plaque grown under 5% CO2 conditions, but not when grown under anaerobic conditions, and yet anaerobic cultures are still responsive to AHLs. QS signal disruption using lactonases leads to changes in microbial population structures in both planktonic and biofilm states, changes that are dependent on the substrate preference of the used lactonase but mainly result in the increase in the abundance of commensal and pioneer colonizer species. Remarkably, the opposite manipulation, that is the addition of exogenous AHLs increases the abundance of late colonizer bacterial species. Hence, this work highlights the importance of AHL-mediated QS in dental plaque communities, its potential different roles in anaerobic and aerobic parts of dental plaque, and underscores the potential of QS interference in the control of periodontal diseases

Autores: Mikael H Elias, R. Sikdar, M. V. Beauclaire, B. P. Lima, M. C. Herzberg

Última atualização: 2024-03-15 00:00:00

Idioma: English

Fonte URL: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.03.15.585217

Fonte PDF: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.03.15.585217.full.pdf

Licença: https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0/

Alterações: Este resumo foi elaborado com a assistência da AI e pode conter imprecisões. Para obter informações exactas, consulte os documentos originais ligados aqui.

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